quarta-feira, 12 de maio de 2010

Menino da Estação

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Menino da Estação

Eu estou...


Quebrando minhas costas para saber seu nome,
Rastreando seus passos enquanto você dorme,
Fazendo o possível para escutar sua voz,
Querendo demais não ficar mais a sós.

Meu palpitante coração paralisa,
Cessa o batimento em meio a tanta euforia,
Meu raciocínio se confunde quando você se aproxima,
Transbordando em mim uma incoerente alegria.

Mas não consigo nem falar nada,
Embora mil palavras estejam nos meus lábios,
Nada que eu faça te atrai pro meu lado.

E isso eu já sei,
Já conformei, chorei e compliquei.
Você não vai mudar, e eu não posso te obrigar.

Mas não é nenhum pecado admirar,
Seu olhar que tem tanto a ocultar.
Sonhando, fantasiando, esperando...
Por algo que nem eu possa imaginar.
Sem que tenha alguém real pra amar.

E se você me questionar,
Não sei explicar como essa permanente obsessão foi se fixar.
Assim, rápido desse jeito, desajeitando o meu pensar.
Acho que no fim das contas esse é o meu apaixonar.
Criando sentimentos inexistentes
Por alguém que nada sente.

E sempre vejo seu lindo cabelo acastanhado,
Caído sobre ofuscante olho dourado.
Tudo ordenamente alinhado,
Tudo perfeitamente penteado.
Pele sedosa refletindo luz do sol,
Tudo em sua volta deixando-me em prol de um amor maior.

Você andando com seu nobre porte pela rua,
Eu até diria que é a própria imagem de minha idealizada perfeição.
Tanto garbo vagando por aí sem muita convicção,
Esperando alguma coisa despertar a atenção.

Tão sério olhar têm a mostrar,
Com essa bela face fria, fechada e resguardada.
Assisto seu nada rústico rosto,
Esculpido com tanto gosto.
Corpo cuidadosamente moldado,
Deixa-me visivelmente atordoado.

Ah, se você me deixasse te bajular!
Ficaria tão feliz em te agradar.
Procuro acreditar que esse não é um conveniente gostar.
Apenas por que a mim você nunca irá amar,
E eu nada terei que arriscar.

Um claro e breve sorriso,
Um raro olhar mais que amigo,
Aspiro por isso, nem um pouco indeciso.
E nada consigo, com seu constante silêncio nocivo.

E agora e por enquanto,
Tudo que faço é escrever, escrever, escrever.
Para ter algo seu a lembrar quando a noite eu deitar,
E assim me recordar de quem um dia eu pretendia amar.

O menino de todo dia da estação,
Sem eu nada saber sobre seu coração.

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Acho que posso considerar esse post como continuação do post "Romances Juvenis".

Bem, esse é um poema que eu escrevi há muuuito tempo atrás a respeito de um menino que eu era apaixonado, muito apaixonado. No princípio, eu não era amigo dele, nem sequer sabia seu nome, nós só pegávamos o mesmo ônibus no mesmo tubo, estação do Passeio Público. E eu sempre via ele, procurava ficar perto dele, sempre procurando bater meus horários com os dele.

Realmente era um amor bem platônico, visto que eu não sabia nada a respeito do garoto, gostava apenas de ficar "junto", observar, e poder imaginar se algum dia aconteceria algo. Até que um dia encontrei ele num evento de animes que eu costumava frequentar bastante, e vi que ele gostava dessas coisas. Um dia, no ônibus, quando consegui por sorte sentar do lado dele e suava frio de tão nervoso, comentei que tinha visto ele no tal evento e que gostava de animes e mangás também.

E pronto, nós ficamos amigos! Pegávamos o mesmo ônibus todos os dias, sempre nos encontrávamos e voltavámos juntos, cada um de seu cursinho, comentado as aulas e os estudos do vestibular. E assim foi por um bom tempo, até eu perceber, que com ele também, nada ia acontecer. Depois das minhas indiretas e das diretas dele, ficou resolvido dentro de mim que não era com ele que eu ia ter meu primeiro romance. Por mais que isso fosse um pouco dolorido...
E assim os dias passaram... e nossa amizade também.

2 comentários:

  1. Pena que a amizade não pode permanecer. Mas a vida é sempre uma escolha e nem sempre conseguimos ter tudo o que queremos. Mas podemos lutar para alcançar algo que nos deixe feliz, nem que momentaneamente. Parabéns pelo post. Muito bom!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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