segunda-feira, 28 de março de 2011

Tensão Controlada

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Sim, eu sou uma pessoa um tanto neurótica.

Confesso até que sou meio medroso. Mas como não ser? Eu não sei mais que lugar é seguro, aonde se deve ou não ir, o que é aconselhável ou não. A violência cresceu em tantos lugares, e de tantas maneiras. Não só de assaltos, roubos, e coisas assim. Mas acho que no geral, as pessoas estão se tornando um pouco mais agressivas. No jeito de tratar os outros, de se portar, a gentileza parece que ficou em segundo plano e cedeu pra pressa, pra correria do dia-a-dia.

Fica difícil entender as pessoas, ainda mais quando gestos tão simples são esquecidos, quando a educação já pareçe não ter mais tanta importância. Por exemplo, dentro dos ônibus, é uma atropelação, um em cima do outro, nunca vi. Todos parecem animais, se esforçando pra entrar dentro de um mesmo lugar, brigando e se empurrando.

O problema de sair de noite sem se preocupar, ou até mesmo de dia, já que nem mais horário propício a assaltos existe mais. Andar sozinho, andar em grupo, andar de carro, pegar ônibus, eu não sei, parece que sempre pode acontecer alguma coisa. Eu realmente fico muito irritado e odeio me sentir impotente em relação as coisas que acontecem. O jeito é não criar oportunidades... mas também temos nossas vidas pra viver.

Eu fico muito indignado quando compramos alguma coisa, nos esforçamos ou guardamos dinheiro por muito tempo, e vem um mané e rouba de você em 5 minutos. É muita injustiça. E tá, vão me dizer que esse mané sofreu muito e tem muitos problemas, não teve oportunidades nem educação... mas poxa, eu também tenho problemas, você também, e acho que não é egoísmo querer as coisas que desejamos, que conquistamos, sonhar com uma vida calma e com qualidade. Sem essas tensões inerentes à vida urbana. Conheço tanta gente legal que já se deu mal nas ruas. Bem, eu também posso estar pensando errado, não sei. Dizem que o que vivemos na sociedade é culpa e reflexo da própria sociedade, mas eu começei minha vida agora, e acredito que não tenho culpa pelo mundo ser como é hoje, apesar de saber que tenho que ajudar a torná-lo um lugar melhor para se viver. Ou é errado e egoísta pensar assim? Só estou dizendo que este mundo está longe de ser ideal, e vai demorar muito para ser justo com todos os seus habitantes. Talvez, por causa dos próprios habitantes.

Mas acredito que essas sejam as consequências do mundo moderno, não? Ou pelo menos a realidade de uma cidade que cresceu demais, cresceu mais do que pôde suportar. Ou simplesmente, a realidade do Brasil.
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Escolhe-se ser gay?

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Hoje foi um dia muito diferente...

Estávamos na aula de Interculturalidade na Universidade conversando em grupo com as 2 professoras que ministram a aula, sobre escolhas e caminhos, que nada deve ser 100% radical, que não existem verdades absolutas ou coisas que estejam totalmente certas ou totalmente erradas, boas ou ruins. Tudo depende do lugar, da cultura, do povo, e principalmente, de quem vê essas questões, do observador, pois ele que define sua verdade interna.

E então numa discussão sobre o que é certo e errado para cada um, eu disse justamente isso, que as coisas não podem e nem devem ser extremadas pelo que é correto ou não, sempre temos que dosar e tolerar as pessoas em suas próprias individualidades desde que elas não interfiram na dos outros. E claro, cada um deve respeitar a individualidade do próximo, procurando compor uma sociedade justa e igualitária. Sim, um pouco utópico...

E então meu namorado disse que concordava com isso, e para a minha surpresa e de toda turma, ele falou mais ou menos isso:

"Por que, assim, eu sou gay, e acho errado quando as pessoas se referem a homossexualidade como 'opção'. Todos sabem que não é uma opção, você não escolhe, você nasce assim, e ainda assim se fala em 'opção'. Eu não escolhi ser gay, você acha que eu escolheria em sã consciência fazer parte de uma minoria, que sofre preconceitos, e ainda por cima pode apanhar na rua por besteiras?".

Ele falou o que nós estávamos conversando baixinho, sussurando, o que eu e ele pensávamos sobre essa questão da "opção". Mas eu nunca pensei que ele realmente pudesse falar alto pra todos daquele jeito! Eu fiquei tão feliz por ele, por ele ter essa atitude. Por que às vezes eu também gostaria de ter essa mesma coragem e dizer, defender minhas idéias sem ter que ficar pensando baixinho só comigo. Isso desencadeou mais algumas discussões sobre o tema, mas não houve problema algum com as professoras ou os alunos. Eu já contei pra minha mãe que sou gay fazem anos, e hoje está tudo bem, sem problema algum, ela e meu namorado se dão muito bem inclusive. Mas ainda tem o mundo pela frente, que é muito diferente de um coração de mãe...

E sobre a questão da escolha, eu sei dentro de mim que não foi uma escolha, que não se escolhe isso, do mesmo jeito que não se escolhe nascer negro ou nascer mulher, nascer baixinho ou alto. Religião é muito mais uma questão de escolha do que todas essas outras. Só queria dizer que o admirei muito por fazer isso, e inclusive no final da aula alguns colegas vieram dar os parabéns pela coragem dele, é sério! Nem todos na sala sabiam que ele é gay, e nem sobre mim, nem que somos namorados. Mas grande parte já desconfiava... e na realidade, acho que agora não tem problema algum em contar sobre nós também!

Volta e meia eu provoco ele pedindo pra ele me dar um beijo em público ou me abraçar, e ele se morde todo! Eu dou um abraço tímido, um beijinho rapidinho na bochecha antes que alguns estudantes passem e percebam, mas espero pelo dia em que possamos ficar juntos sem problema algum.

Por que eu amo ele, e se qualquer um parar e pensar, não há problema nenhum em amar, não prejudica absolutamente ninguém, muito pelo contrário! Só traz alegria =D

Ponyo!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tediosa tarde de Verão

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Naquela tediosa tarde de verão,

Quando todos saíram de casa e eu fiquei sozinho,

Cansado de tanto olhar pras paredes e

quando os livros e o computador também já estavam cansados de me olhar,

Percebi que o calor, a monotonia e o tédio

me deixavam mais vegetativo ainda.

Só havia uma coisa que eu poderia fazer.

Eu saio de casa e vou andar pelas ruas,

Observando tudo como se visse pela primeira vez,

Vendo o céu azul e o sol se pondo,

As nuvens se mexendo lá em cima

E o barulho dos carros misturado com o dos passarinhos.

E então começo a correr,

Simplesmente sem motivos começo a correr,

O vento bate em meu rosto e o sangue começa a percorrer meu corpo,

Vou correndo bem rápido sem pensar pra onde vou, despenteando o cabelo e agitando a circulação.

Começo a sentir minhas pernas ficarem quentes e o vento toca meu rosto com mais velocidade, deixando tudo um pouco embaçado.

Eu corro, corro pra qualquer lugar, rápido, despreocupado, determinado, só para correr e sentir esse prazer, meu rosto começa a suar e a respiração ofegar.

E depois desacelero, cansado, respirando rápido, me curvando para o chão pra poder descansar.

E quando fico ereto novamente, sinto o vento mais uma vez em meu rosto, e as nuvens lá em cima, o céu ainda azul e o sol se escondendo, os passarinhos parando de cantar e o ronco dos carros ao longe.

É tão se sentir vivo!

Foi tão bom ME sentir vivo, como parte de um todo, um mundo em movimento. Sentir uma energia passar por mim, como que me acordando de um estado dormente. Não sei o que realmente aconteceu, só sei explicar que essa foi a melhor parte da minha tediosa tarde de verão.